Fundado em 7 de setembro de 1905 Declarado de Utilidade Pública pela Lei no 317, de 1909 CGC 09.249.830/0001-21 - Fone: 0xx83 3222-0513 CEP 58.013-080 - Rua Barão do Abiaí, 64 - João Pessoa-Paraíba |
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Expositor: Hélio Nóbrega Zenaide Debatedor: Edgar Bartolini Filho A fala do Presidente: Vamos
dar continuidade ao nosso já importante Ciclo de Debates sobre a participação
da Paraíba nos 500 anos de Brasil com a programação de hoje abordando A
MAÇONARIA NA PARAÍBA. Componho
a mesa com nosso sócio Hélio Zenaide, que será o expositor; com Edgard
Bartolini Filho, Grão Mestre da Grande Loja do Estado da Paraíba; Joacil de
Britto Pereira, presidente da Academia Paraibana de Letras. Chamo a
atenção dos presentes sobre a organização do programa deste Ciclo de Debates.
Primeiro, falamos sobre A IGREJA NA PARAÍBA, depois sobre A INQUISIÇÃO NA
PARAÍBA e agora sobre A MAÇONARIA NA PARAÍBA. Há, portanto, um elo de ligação
entre essas grandes instituições que comportam episódios transcendentais na
nossa História. Hélio
Nóbrega Zenaide foi indicado unanimemente pela Comissão Organizadora do certame
para ser o responsável por esse tema. Hélio é bacharel em Ciências Jurídicas e
Sociais pela Faculdade de Direito do Recife. Possui vários cursos. Tem um sobre
Desenvolvimento do Brasil, que cursou no Instituto Superior de Estudos
Brasileiros – ISEB – e nem sei como não foi preso em 64; tem curso sobre
Desenvolvimento, feito na SUDENE; freqüentou a ADESG, naqueles cursos que davam
garantia de sobrevivência durante a ditadura de 64; foi Secretário de
Comunicação e de Educação do Estado, e é um grande jornalista, tendo
participado do quadro redacional de todos os jornais da capital, inclusive do JORNAL
DE AGÁ, do qual fui o editor, onde ele
mantinha uma seção sob o título de RONDA DOS ARQUIVOS. Hoje é um historiador
consagrado, pelos trabalhos que tem editado. Sendo um
maçom da velha guarda, foi convidado para fazer a palestra de hoje. Passo a
palavra do confrade Hélio Nóbrega Zenaide. A Maçonaria é uma instituição
que procura contribuir para o aperfeiçoamento moral, intelectual, social,
cultural e material do homem, buscando cultivar, sob a égide de Deus – o Grande
Arquiteto do Universo – a prática da
fraternidade humana universal, sem distinção de raça, cor, nacionalidade,
pensamento filosófico, ideal político ou religião. Ela tem
por divisa Liberdade, Igualdade e Fraternidade e por lema Justiça, Verdade e
Trabalho. Prega o
amor da pátria e a paz entre todos os povos. Não é
uma instituição política, mas, historicamente, tem contribuído para os grandes
ideais políticos da Humanidade. A
história da Maçonaria na Paraíba deve ser uma expressão de luta pela implantação desses valores no
nosso processo evolutivo. É sua
obrigação fazer-se presente com esses valores em todos os campos da atividade
humana em nosso Estado, no Poder Executivo, no Poder Legislativo, no Poder
Judiciário, na vida intelectual, na vida econômica, na indústria, na agricultura, no comércio, nos serviços, na vida
religiosa, na vida educacional, nas profissões liberais. Seu
objetivo é praticar esses valores na ordem social. Por tudo
isso, a sua bandeira é uma bandeira de esperança de melhores dias para a Grande
Família Humana Universal. 1 . A MAÇONARIA NO BRASIL Em sua HISTÓRIA
GERAL DA MAÇONARIA, Editora Aurora, 1979,
assinala Nicola Aslan que a Maçonaria veio para as Américas com a luta contra o
colonialismo e os ideais de independência e república, aqui se infiltrando
através das chamadas sociedades secretas. Ele diz textualmente (pg. 35): “No Brasil, o movimento pela
independência teve início no seio das sociedades secretas, que tanto tinham de
literárias como de políticas, e das quais algumas podem ser aqui citadas: 1752
– Associação Literária dos Seletos, no Rio. 1759
– Academia dos Renascidos, na Bahia. 1772
– A Científica, no Rio. 1786
– Academia Ultramontana, no Rio. 1796
– Areópago de Itambé, em Pernambuco. Mas, de todas essas sociedades
secretas, a que maior importância e celebridade alcançou foi, sem dúvida, esta
última. Vários autores ligam o Areópago à Maçonaria, afirmando-se mesmo que ele
estava organizado nos moldes das Lojas Maçônicas. O seu fundador, Dr. Manoel de
Arruda Câmara, formara-se em Montpellier, na França, cuja universidade, fundada
em 1289, celebrizara-se, principalmente, pelo ensino da medicina. E Montpellier
foi um importante centro maçônico, onde, por volta de 1778, o famoso beneditino
Antônio José Pernety formara o Rito da Academia dos Verdadeiros Maçons,
inteiramente dedicado ao ensino das ciências herméticas.” Naquela época, nada menos de cinco
Lojas Maçônicas estavam localizadas em Montpellier, de onde o paraibano Manoel
de Arruda Câmara trouxe os ideais maçônicos
de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, da Revolução Francesa. Em seu livro O CLERO E A
INDEPENDÊNCIA, Dom Duarte Leopoldo, Arcebispo de São Paulo, escreve a respeito: “Quase na mesma época, florescia
em Itambé o Areópago do dr. Manoel de Arruda Câmara, centro de estudos, onde se
discutiam as idéias mais avançadas do liberalismo. Chegou-se mesmo a suspeitar
que essa sentinela do nativismo brasileiro, perdida entre os sertões de
Pernambuco e Paraíba, contava com o apoio de homens poderosos, dentro e fora do
país, decididamente protegidos por Napoleão Bonaparte.” (
Conf. Rocha Pombo, HISTÓRIA. DO BRASIL, vol. VII, pg. 340 ). Gustavo
Barroso, em sua HISTÓRIA SECRETA DO BRASIL, escreve: “Um dos Arruda Câmara, o
botânico, médico, formado em Montpellier, partidário exaltado das idéias
francesas, fundara o Areópago, sociedade secreta, intencionalmente posto nos limites
de Pernambuco e Paraíba, que doutrinava
para a democracia e a revolução maçônica, sementeira de onde brotaram os
grandes movimentos revolucionários do Brasil, no século XX. Do Areópago provêm
a Academia dos Suassuna, a Academia do Paraíso, a Universidade Secreta, de
Vicente Ferreira dos Guimarães, a Oficina de Iguaraçu.”( vol.
I, pg. 205 ). Na REVISTA
DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO PERNAMBUCANO, XIX, 1917, pgs. 171-172, num trabalho
sobre As Sociedades Secretas de Pernambuco, lê-se a transcrição da seguinte nota de Oliveira Lima: “A primeira loja maçônica fundada em Pernambuco foi
o Areópago de Itambé. Foi seu fundador Manuel de Arruda Câmara. Faziam parte
desta loja desde 1798 entre outros, o
irmão de Arruda Câmara, que era médico, como ele, os três irmãos Francisco,
Luís Francisco e José Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque, o padre
João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro, discípulo de Arruda Câmara, o capitão
André Dias Figueiredo, os padres Antônio e Félix Velho Cardoso, José Pereira
Tinoco, Antonio de Albuquerque Montenegro. Em 1801, com a denúncia de
conspiração levantada contra os irmãos Cavalcante, o Areópago foi dissolvido.”
– LIMA, Manoel de Oliveira, nota nº XXIII. In. TAVARES, Muniz, História da
Revolução de Pernambuco. Esse
Antonio de Albuquerque Montenegro, citado por Oliveira Lima, era filho do meu
tetravô Francisco Dias de Melo Montenegro, que era primo do padre João Ribeiro
Pessoa de Melo Montenegro, braço direito de Manoel de Arruda Câmara na fundação
do Areópago de Itambé. Meu
tetravô morava no Engenho Oratório, na fronteira de Pernambuco e Paraíba, e
o padre João Ribeiro Pessoa de Melo
Montenegro deve ter escolhido o Engenho
Oratório para instalar o Areópago de Itambé porque ali contaria com a
hospitalidade de Francisco Dias de Melo Montenegro. Ele e Arruda Câmara se
hospedavam realmente naquele engenho. Francisco Dias de Melo Montenegro, teve
12 filhos, um deles, meu bisavô Capitão Antero Francisco de Paula Cavalcante
Montenegro, pai do meu avô paterno, senador Apolônio Zenaide Peregrino de
Albuquerque. Dois
filhos dele eram membros ativos do
Areópago de Itambé: Antonio de Albuquerque Montenegro e André. Quando foi esmagada a Revolução de 1817, e o
padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro suicidou-se no Engenho Paulista,
para não ser preso e trucidado pelas tropas legais, os filhos de Francisco Dias
de Melo Montenegro, com medo da perseguição e de prisão, fugiram do Engenho
Oratório. Meu bisavô, Capitão Antero Peregrino de Paula Cavalcante Montenegro,
embora nascido depois da
Revolução, foi morar em Patos, ali comprando a fazenda
Cacimba dos Bois, onde nasceu meu avô. Vários
paraibanos maçons freqüentavam o Areópago de Itambé, como registra Irineu
Ferreira Pinto, e, assim, podemos
considerá-lo também paraibano. Até gente de Itabaiana e de Pilar ia para as reuniões do Areópago de Itambé. Uma dessas pessoas era o padre Antônio
Pereira de Albuquerque, do Pilar, que foi preso e condenado à morte. Ele era da
família de Francisco Dias de Melo Montenegro e do padre João Ribeiro Pessoa de
Melo Montenegro. Outra, era o padre
Antonio Félix Velho Cardoso, de Itabaiana. Estas informações estão em Irineu Ferreira Pinto, no seu livro DATAS E
NOTAS PARA A HISTÓRIA DA PARAIBA, 1º volume. Eu chamo
a atenção para esses detalhes porque alguns historiadores chegam até a negar a
existência do Areópago de Itambé. O nosso
confrade José Octávio de Arruda Mello, por exemplo, inclina-se também por essa
opinião na sua HISTÓRIA DA PARAÍBA; ele chega a dizer que o Areópago não deve
ter existido porque Manoel Arruda Câmara nunca morou em Itambé. Mas isso não é
um argumento que me impressione. André Vidal de Negreiros nunca morou no Morro
dos Guararapes, mas se tornou herói do Morro dos Guararapes. A
Maçonaria foi iniciada, assim, em Pernambuco e Paraíba, através do paraibano
Manoel de Arruda Câmara e lutando por um ideário político de independência e
república. 2 – A MAÇONARIA FOI INICIADA
EM PERNAMBUCO E PARAIBA ATRAVÉS
DO PARAIBANO MANOEL DE ARRUDA CÂMARA E LUTANDO POR UM IDEÁRIO POLÍTICO DE
INDEPENDÊNCIA E REPÚBLICA. Com
efeito, a Revolução de 1817, em Pernambuco e na Paraíba, coincidiu com um
período de expansão do liberalismo no mundo ocidental. No Brasil, as idéias
liberais vinham sendo propagadas desde os fins do século XVIII, notadamente
através das sociedades secretas. Em
Pernambuco, o Areópago de Itambé e várias academias e Lojas Maçônicas foram
ponto de reunião para discussão desse ideário político. A
influência da Maçonaria na propaganda revolucionária foi reconhecida e destacada
pelo desembargador do Tribunal de Alçada, criado para julgar os presos
pronunciados na devassa aberta em 1817. João Osório de Castro Falcão escreveu a
Tomás Antonio Vila Nova Portugal, dizendo que as idéias revolucionárias
propagadas desde 1801, cresceram e se expandiram através das Lojas Maçônicas E o maçom Domingos José Martins, depois da
morte de Manoel de Arruda Câmara, deu
novo impulso à conspiração, com o padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro,
que integrou o Governo Provisório da Revolução.
Eles
lutavam pela independência, contra o sistema colonial e contra o regime
monárquico, que desejavam ver substituído por uma forma republicana de governo,
como acontecera nos Estados Unidos. Sobre o Padre João Ribeiro Pessoa de Melo
Montenegro, é importante esta confirmação de uma historiadora pernambucana,
citando Tollenare: “Padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro.
Nasceu em Tracunhaém, não longe do Recife. Discípulo de Arruda Câmara,
freqüentava o Areópago de Itambé, onde se iniciou nas “novas idéias”. Professor
de desenho e segundo Tollenare homem instruído e sem fortuna, filósofo e
estudioso de ciências, leitor
dos antigos e novos filósofos, aspirava a liberdade por amor e não por ambição.” 3. DEPOIS DO AREÓPAGO DE ITAMBÉ Há notícia
de que em 1822 foi fundada na capital paraibana uma Loja Maçônica, a LOJA
MAÇÔNICA PELICANO, que teria sido a primeira instalada propriamente na Paraíba.
Não temos, entretanto, maiores informações acerca da LOJA MAÇÔNICA PELICANO,
organizada, certamente, ao calor do movimento da nossa Independência. Tudo indica que a cruel perseguição movida contra os
revolucionários de 1817 esfriou, por
algum tempo, a expansão do movimento maçônico
na Paraíba, porque outras Lojas
Maçônicas só vieram a surgir 69 anos depois da fundação do Areópago de Itambé,
que se deu em 1796. Nem
mesmo a fundação do GRANDE ORIENTE DO BRASIL, em 17 de junho de 1822, no Rio de
Janeiro, às vésperas da Independência, e do ingresso de D. Pedro I em seus
quadros, foi capaz de imprimir maior
impulso à Maçonaria na província. Embora
o papel da Maçonaria na Independência
tivesse sido decisivo e ela saísse
fortalecida do acontecimento,
somente 43 anos depois do Grito do Ipiranga os paraibanos se animariam a organizar as primeiras Lojas Maçônicas no seu
território. 4. AS PRIMEIRAS LOJAS
MAÇÔNICAS NA PARAIBA DEPOIS DA LOJA MAÇÔNICA PELICANO Temos
notícia de que a primeira Loja Maçônica efetivamente instalada na Paraíba
depois da Independência, foi fundada em 1865, com o nome de LOJA MAÇÔNICA
REGENERAÇÃO BRASÍLICA. Ela foi
instalada nesta capital, quando a Paraíba era governada pelo presidente Sinval
Odorico de Moura e, no mesmo ano, foi fundada ainda a LOJA MAÇÔNICA UNIÃO E
BENEFICÊNCIA, na cidade de Mamanguape. Em 1873 existiu uma terceira Loja Maçônica – a SEGREDO E LEALDADE
– na cidade de Campina Grande. Essas Lojas Maçônicas surgem numa
época em que, na Paraíba, voltavam as idéias republicanas e se esboçava o
movimento da abolição da escravatura, movimento que, no Rio de Janeiro, capital
do Império, era em grande parte encabeçado pela Maçonaria. A Lei do
Ventre Livre, por exemplo, foi de autoria do Visconde do Rio Branco, Grão
Mestre da Maçonaria. Foi do
maçom Joaquim Nabuco a iniciativa da criação da Sociedade Brasileira Contra a
Escravidão. Foi o
Ministério Liberal presidido pelo maçom José Antônio Saraiva que conseguiu a
aprovação da Lei dos Sexagenários. Grande
defensor da abolição da escravatura, Rui Barbosa era maçom; como era maçom José
do Patrocínio. Por
sinal, naquele tempo, o maçom e grande tribuno abolicionista José do Patrocínio, cognominado o tigre da abolição, veio à Paraíba, em
campanha pela abolição, sendo aqui festivamente recepcionado pela Maçonaria e pelos adeptos em geral da causa de libertação dos escravos. O tigre da abolição foi entusiasticamente
aplaudido pelos abolicionistas paraibanos
em 1883, ano em que o vice-presidente Antônio Alfredo da Gama e Melo,
que era um abolicionista sincero, assumiu o governo da província. Era
maçom também o poeta dos escravos, Castro Alves, que pertencia à mesma Loja Maçônica de Rui Barbosa, a Loja América. E foi do
maçom Rui Barbosa a iniciativa do decreto que obrigou todos os maçons
brasileiros que porventura tivessem escravos a libertá-los imediatamente. Isso,
três anos antes da lei que libertou os nascituros. A LOJA
MAÇÔNICA SEGREDO E LEALDADE, criada em 1873, em Campina Grande, marcou o
primeiro grande conflito da Igreja Católica com a Maçonaria na Paraíba. Em
virtude da chamada Questão Religiosa e da prisão de D. Vital, bispo de
Olinda, o vigário de Campina Grande,
padre Calixto da Nóbrega declarou guerra à Maçonaria na Serra da Borborema. Para
reforçar ainda mais o combate, chamou em seu auxílio o padre Ibiapina,
missionário de grande força no seio do povo nordestino.. Eles
instigaram, de tal forma, o povo de Campina Grande, contra a Maçonaria, que os
maçons esperavam, de uma hora para outra, uma explosão de fanatismo exacerbado.
E isso
não demorou. J. Leite
Sobrinho, pesquisador da história maçônica paraibana, escreveu uma página
relatando o desfecho dessa luta. Em 1875
surgiu uma nova Loja Maçônica em Campina Grande, a LOJA MAÇÔNICA VIGILÂNCIA E
SEGREDO, e, logo em seguida, uma outra, a LOJA MAÇÔNICA RENASCENÇA. Era um desafio: mais duas Lojas
Maçônicas em Campina Grande? Chegou
outro missionário à cidade, o Frei Herculano e, ao realizar uma Santa Missão,
arrastou o povo às ruas, instigou,
invadiu e destruiu a LOJA MAÇÔNICA RENASCENÇA! Isto no centro da cidade
de Campina Grande. Em 12 de
fevereiro de 1877 – ano da mais terrível seca que
o Nordeste conheceu até então – foi fundada, nesta capital, ali no Varadouro, a
LOJA MAÇÔNICA CONSTÂNCIA E LEALDADE, e em 1882, a LOJA MAÇÔNICA LEALDADE E
PERSEVERANÇA. Todas essas Lojas Maçônicas,
porém, cerraram suas portas e os seus arquivos se perderam no tempo. 5.
A
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA Alguns
maçons paraibanos se projetaram no movimento da Proclamação da República. Foi o
caso do maçom Aristides Lobo, grande propagandista dos ideais republicanos, e
do maçom senador Coelho Lisboa. A
projeção desses dois propagandistas da República deveu-se, porém, à sua atuação
no plano nacional. No plano estadual, não há notícia de atuação expressiva da
Maçonaria em favor da Proclamação da República. Vale
observar que o marechal Deodoro da Fonseca, proclamador da República, era Grão
Mestre da Maçonaria, como era também maçom Floriano Peixoto, que o sucedeu na
presidência da República. 5. A MAIS ANTIGA LOJA MAÇÔNICA PARAIBANA EM FUNCIONAMENTO Em
1898, era a Paraíba governada pelo presidente Antônio Alfredo da Gama e Melo,
quando foi fundada a LOJA MAÇÔNICA REGENERAÇÃO DO NORTE, que é a mais antiga
Loja Maçônica da Paraíba em funcionamento. Ela foi
fundada no dia 16 de outubro de 1898 e no ano passado comemorou o seu primeiro
Centenário de existência ininterrupta. Era um
ano terrível de seca, que José Américo de Almeida assim descreveu em A
Bagaceira: “Era o êxodo da seca de 1898.
Uma ressurreição de cemitérios antigos – esqueletos redivivos, com o aspecto
terroso e o fedor das coisas podres. Os fantasmas estropiados como que iam
dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva as
pernas, em vez de ser levado por elas. Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer
voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam.” A
capital paraibana encheu-se de retirantes e flagelados. Os
maçons se reuniram, fundaram a LOJA MAÇÔNICA REGENERAÇÃO DO NORTE e realizaram
uma campanha angariando recursos – roupas usadas e gêneros alimentícios – para assistirem
as vítimas do flagelo. Muitos desses retirantes ficaram
na capital, mesmo quando a seca terminou. Viam-se pelas ruas velhos flagelados
que não tinham mais força para voltar para o sertão e retomar a luta do campo. Rebentou
novo ciclo de seca em 1912 e o Venerável Mestre da LOJA MAÇÔNICA REGENERAÇÃO DO
NORTE, Joaquim Manoel Carneiro da Cunha, decidiu fundar e fundou um Asilo para
Velhos, o Asilo de Mendicidade que depois tomou o seu nome, Asilo de
Mendicidade Carneiro da Cunha, instituição que ainda hoje resiste ao tempo e é
um patrimônio da Paraíba, agora com o nome da Lar da Providência. Em 1900
surgiu a Loja Maçônica CARIDADE E SEGREDO, em Itabaiana. Em 1903,
a LOJA MAÇÔNICA UNIÃO CATOLEENSE, em Catolé do Rocha. Em 1911,
na capital, foi criada a LOJA MAÇÔNICA SETE DE SETEMBRO. A LOJA
MAÇÔNICA BRANCA DIAS veio em 1918. E a REGENERAÇÃO CAMPINENSE, em 1923. Em
1927, a PADRE AZEVEDO. 6. SEPARAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL E FUNDAÇÃO DA GRANDE LOJA DO
ESTADO DA PARAÍBA. Até
então as Lojas Maçônicas da Paraíba eram vinculadas ao GRANDE ORIENTE DO BRASIL, fundado no Rio de Janeiro em 17 de junho de
1822. Mas, em
24 de agosto de 1927, juntaram-se as Lojas Maçônicas BRANCA DIAS, fundada em 10
de janeiro de 1918, PADRE AZEVEDO, fundada em 24 de julho de 1927, e a REGENERAÇÃO
CAMPINENSE, fundada em 19 de agosto de 1924, e decidiram separar-se daquela
Potência Maçônica, fundando uma outra potência, a GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO
ESTADO DA PARAIBA, que hoje conta com quase 40
Lojas Maçônicas espalhadas pelo território paraibano. Seu
atual dirigente é o Sereníssimo Grão Mestre
Edgard Bartolini, convidado para ser o nosso debatedor de hoje. Temos
hoje na Paraíba três Potências Maçônicas: o GRANDE ORIENTE ESTADUAL DA PARAIBA,
a GRANDE LOJA DO ESTADO DA PARAIBA e o GRANDE
ORIENTE DA PARAIBA, às quais estão jurisdicionadas as dezenas e dezenas de
Lojas Maçônicas dos municípios paraibanos. 7. ACADEMIA PARAIBANA MAÇÔNICA DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS No dia 2
de maio de 1998 foi instalada a ACADEMIA PARAIBANA MAÇÔNICA DE LETRAS, ARTES E
CIÊNCIAS, sob a direção do Mestre Maçom João Ribeiro Damasceno e como secretário o orador que vos fala. A
solenidade foi prestigiada pela presença de delegações da ACADEMIA PARANAENSE
MAÇÔNICA DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS e da ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRAS, CIÊNCIAS
E ARTES DO NORDESTE DO BRASIL bem como de delegações de Maçons de Sergipe,
Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. 8. A MAÇONARIA DA PARAIBA NOS TEMPOS ATUAIS Com esse
passado de preocupação com o aperfeiçoamento do processo político-social brasileiro, a Maçonaria, certamente, teria
de procurar contribuir para a volta do País ao estado de direito, depois da
Revolução de 1964. Neste
ponto, a Maçonaria da Paraíba contou com uma voz de expressão no Congresso Nacional,
a do nosso irmão maçom senador Humberto Lucena, membro da LOJA MAÇÔNICA
REGENERAÇÃO DO NORTE, jurisdicionada à GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DA
PARAIBA. Esse
ilustre Maçom paraibano colocou-se, desde a primeira hora, contra os atos
discricionários da Revolução de 1964. Batalhou, sem desfalecimento, pelo
processo de abertura política e participou, na linha de frente, ao lado de
Ulysses Guimarães, da Campanha das Diretas-Já, que teve à sua frente o PMDB,
partido a que pertencia, do mesmo modo que foi também um soldado da linha de
frente na eleição do presidente Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral,
em 15 de janeiro de 1985, última eleição indireta que, em verdade, marcaria o
fim do regime militar. Outra grande
preocupação da Maçonaria da Paraíba na atualidade é com relação à generalizada corrupção na política e na
administração do País. Inúmeros Manifestos têm sido dirigidos ao Presidente da
República pela Maçonaria da Paraíba neste sentido. Nesses
documentos, a Maçonaria da Paraíba insiste para que o Presidente da República
exerça a plenitude da sua autoridade e da sua força para dar um basta a essa
vergonha nacional. A
Maçonaria da Paraíba vem condenando igualmente o abuso do poder econômico no
processo político-eleitoral. Isso
tudo, naturalmente, em função da conjuntura em que vivemos, porquanto o seu
escopo maior é o aprimoramento de todas as potencialidades da Família Humana
Universal. 9. OUTROS MAÇONS PARAIBANOS DE PROJEÇÃO EM NOSSA VIDA PÚBLICA Daremos
apenas alguns exemplos, a vôo de pássaro: O maçom JOÃO
RODRIGUES CORIOLANO DE MEDEIROS foi um dos fundadores deste Instituto Histórico
e Geográfico Paraibano, em 7 de setembro de 1905, e é, ainda hoje, sem dúvida,
uma legenda de glória da Paraíba, como educador e como historiador. É um dos
grandes Beneméritos da Maçonaria da Paraíba. Pertencia ele à LOJA MAÇÔNICA
PADRE AZEVEDO, da qual foi Venerável Mestre em 1935. O maçom CLAUDIO
OSCAR SOARES foi o fundador, em 7 de
maio de 1908, do jornal O NORTE, ainda hoje baluarte da imprensa da Paraíba. OSCAR
SOARES era membro da LOJA MAÇÔNICA REGENERAÇÃO DO NORTE, da qual foi Venerável
Mestre e grande benfeitor. Esses dois últimos também pertencentes ao Instituto
Histórico. O maçom GUILHERME
GOMES DA SILVEIRA, que também pertencia à LOJA MAÇÔNICA REGENERAÇÃO DO NORTE,
da qual foi Venerável Mestre, foi um dos mais brilhantes advogados da Paraíba e
do Estado do Pará. Outro
notável paraibano foi o maçom MANOEL VELOSO BORGES, que pertencia à LOJA
MAÇÔNICA BRANCA DIAS, da qual foi Venerável Mestre de 1923 a 1924, tendo sido
também Sereníssimo Grão Mestre da GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DA PARAIBA de
1922 a 1928. Formado
pela famosa Escola de Medicina da Bahia, depois de exercer a medicina em vários
Estados, na Bahia, no Acre, no Amazonas, no Pará, voltou para sua terra natal e
fundou aqui a SOCIEDADE DE MEDICINA E CIRURGIA DA PARAIBA, em 3 de maio de
1924, sendo o seu primeiro presidente. Em sociedade com seu irmão, VIRGÍNIO
VELOSO BORGES, foi um dos fundadores da Fábrica de Tecidos Tibirí, em Santa
Rita. Foi
Deputado Estadual, Deputado Federal e Senador pela Paraíba. Seu irmão VIRGÍNIO
VELOSO BORGES também foi Senador pela Paraíba. Ainda
com aquele seu irmão, comprou a Fábrica de Tecidos Deodoro, do Rio de Janeiro e
chegou a dirigir o Sindicato das Indústrias de Tecelagem do Estado do Rio. Ele e o
dr. VIRGÍNIO VELOSO BORGES construíram uma ala do Hospital Santa Isabel. Foi um
dos fundadores da Casa da Paraíba, no Rio de Janeiro, e membro do Conselho do
Comércio e Indústria do Brasil no Exterior, indicado pela Confederação Nacional
das Indústrias. Foi
maçom o Senador Coelho Lisboa; foi maçom o Senador José Gaudêncio de Queiroz;
foi maçom o Senador Humberto Lucena. A Maçonaria da Paraíba sempre figurou nas
duas Casas do Congresso Nacional, e ainda agora, até bem poucos dias, lá estava
o nosso Irmão maçom JOSÉ LUIZ CLEROT, da LOJA MAÇÔNICA REGENERAÇÃO DO NORTE,
como um dos mais atuantes deputados federais do nosso Estado. A Maçonaria da Paraíba tem
oferecido numerosos valores à Magistratura Paraibana. Juizes, Promotores,
Procuradores, Desembargadores, Advogados e
Presidentes da Ordem dos Advogados, Professores de Direito, seria
extensa a relação para citá-los um a um. O nosso
Irmão maçom MAURÍCIO FURTADO, pai do
grande paraibano e brasileiro CELSO FURTADO, foi Procurador Geral do Estado,
Desembargador, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, membro do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano, membro da Academia Paraibana de Letras e
Venerável Mestre da LOJA MAÇÔNICA REGENERAÇÃO DO NORTE. Outro
grande maçom paraibano, JOSÉ AUGUSTO ROMERO, foi, ao mesmo tempo, Dirigente da
Augusta Ordem no Estado, como Grão Mestre da GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DA
PARAIBA, e dirigente do Movimento Espírita no Estado, como Presidente da FEDERAÇÃO
ESPÍRITA PARAIBANA. 11 – O VELHO CONFLITO IGREJA CATÓLICA-MAÇONARIA Chegam
ao fim, neste fim de milênio, os entrechoques entre a Igreja Católica e a
Maçonaria. O I
CONGRESSO MAÇÔNICO DO ESTADO DA PARAIBA, realizado nesta capital em 1993, incluiu, no temário de suas
preocupações, o restabelecimento das boas relações com a Igreja Católica. Neste
sentido, um dos seus convidados de honra, foi o Padre Valério Alberton. D. José
Maria Pires, nosso Arcebispo, foi também convidado para o Congresso. O
Arcebispo da Paraíba não foi, mas
autorizou a ida do Padre Valério Alberton. O Padre
Valério Alberton vem defendendo em todo
o Brasil o restabelecimento das boas relações entre a Igreja Católica e a
Maçonaria, já tendo publicado livros na defesa de suas idéias. Neste
resumo dou uma idéia do que tem sido a Ordem Maçônica no Estado da Paraíba. Muito
obrigado. Bibliografia
consultada: ASLAN, Nicola. HISTÓRIA GERAL DA
MAÇONARIA, Editora Aurora, 1979. ALBUQUERQUE, A. Tenório d’ – A MAÇONARIA E A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS ,
Editora Aurora, 1970. LEAL, José – INTINERÁRIO DA HISTÓRIA, Gráfica
Comercial Ltda, 1965. OCTÁVIO, José – HISTÓRIA DA PARAIBA, Ed.
Universitária, UFPB, 1997. PINTO, Irineu Ferreira – DATAS E NOTAS PARA A HISTÓRIA DA PARAIBA, Ed. Universitária, UFPB, 1977. NÓBREGA, Trajano Pires – A FAMÍLIA NÓBREGA, Instituto Genealógico Brasileiro,
1956. ARAUJO, Fátima – PARAIBA: IMPRENSA E VIDA, Grafset, 1986. GRANDE LOJA DA PARAIBA – RESENHA HISTÓRICA, 1938. FEITOSA, Lavoisier – MANOEL VELOSO BORGES, A UNIÃO EDITORA, 1982. LEITÃO, Deusdedit – HISTÓRIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAIBA, A
UNIÃO EDITORA, 1988. SOBRINHO, J. Leite – PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA PARAIBANA, Revista BRANCA
DIAS MAGAZINE, janeiro de 1989. Revista do Instituto
Arqueológico Pernambucano, XIX, 1917. TOLLENARE,
L.F., NOTES DONINICALES PRISES PENDANT UN VOYAGE EN PORTUGAL ET AU BRÉSIL EN
1816, 1817 ET 1818. A fala do Presidente: Tivemos uma visão global da
Maçonaria na Paraíba e no Brasil, mostrando a influência da instituição e dos
seus membros na História da Paraíba. O levantamento feito pelo nosso consócio
Hélio Zenaide nos traz muita luz. Estou certo de que a metade dos presentes não
tinha a menor idéia da influência do movimento maçônico na Paraíba. Eu mesmo
era um deles, sem razão porque meu pai era maçom, pertencente à Loja Branca
Dias. A importância da instituição
pode-se medir até pela participação de figuras ilustres da nossa vida política,
intelectual e social, como se depreende da breve listagem apresentada pelo
expositor. Como debatedor, teremos o Grão
Mestre Edgard Bartolini Filho, que por sinal é neto do primeiro Grão Mestre da
Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba e ele próprio é seu atual Grão
Mestre. Bartolini é formado em Ciências Jurídicas e Sociais, com grande atuação
na nossa Universidade Federal, onde ocupou vários cargos de relevo. É atuante
dirigente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção da Paraíba. Passaremos, a seguir, a palavra ao
nosso debatedor, professor Edgard Bartolini Filho. · · · Debatedor: Edgard Bartolini Filho: (Professor universitário, Secretário da
Ordem dos Advogados do Brasil/Paraíba e Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do
Estado da Paraíba) Quero inicialmente parabenizar a iniciativa do
Instituto Histórico e Geográfico Paraibano promovendo este Ciclo de Debates
alusivo aos 500 anos do descobrimento da nossa pátria. Essa série de debates é bastante
importante, principalmente para o país e numa região que não é muita afeita à
memória do seu povo e das suas instituições. É lugar comum se dizer neste país
que o Brasil é um país sem memória, e, até certo ponto, o é. Recentemente estive no Rio de
Janeiro participando da Conferência Nacional dos Advogados e tivemos uma
solenidade no Museu Histórico, onde houve coquetel com a presença de
autoridades, e começamos a discutir sobre alguns quadros ali expostos,
inclusive alguns de Pedro Américo, e conversa vai, conversa vem, falou-se sobre
João Pessoa. A grande maioria dos nossos colegas advogados, alguns juristas
renomados, pouco ou quase nada sabiam sobre a nossa história. Um deles ficou
até admirado quando eu disse que João Pessoa já nasceu cidade. E ele não
imaginava que nossa Felipéia de Nossa Senhora das Neves já nascera cidade.
Quando a gente leva algumas pessoas para conhecerem a cidade elas ficam
admiradas quando descobrem que Felipéia de Nossa Senhora das Neves foi fundada
em 1585. Acham que nós somos muito mais novos. Nem conhecem nem se preocupam em
conhecer a nossa história. Aliás, tirando as diferenças regionais, eles se
preocupam, sim, mas em denegrir. Com relação ao meu papel de
debatedor vou declinar, porque a palestra do nosso Irmão Hélio Zenaide,
historiador, jornalista, e hoje o principal historiador da Maçonaria paraibana,
é irretocável. Caberá aqui apenas uma ou outra complementação ou um enfoque um
pouco mais longe sobre o que seja esta instituição maçônica num passado mais
longe, num passado mais recente e na modernidade. Felizmente a Maçonaria não é mais
uma instituição secreta naquele aspecto que muitos pensam que ela ainda o é. A
Maçonaria era tão secreta há pouco tempo atrás que o maçom entrava na Ordem e
muitas vezes a sua família não sabia que ele a vida inteira pertenceu e
trabalhou pela Maçonaria, justamente evitando essas perseguições. Perseguições
religiosas, intolerância religiosa, perseguições políticas e até perseguições
familiares. Porque se às vezes um rapaz gostava de uma moça da sociedade
altamente fechada e se o pai da moça, descobrisse que ele era maçom, era um
Deus nos acuda. Essa condição era para ele quase que uma defesa, o que fazia da
Maçonaria uma sociedade não secreta como para aqueles que a desconheciam como
uma instituição que fosse ligada ao banditismo, a esses grandes movimentos de
criminalidade, como a máfia, cosa nostra,
e por aí vai. Muita gente estranha porque existe
uma diferença, na Maçonaria, de pensamentos, mas essa diferença é fácil de
explicar. Nós somos herdeiros daquilo que
chamamos a Ordem dos Templários, não diretamente da Ordem dos Templários em si,
mas do pensamento filosófico e científico que ficou dela, dos construtores das
catedrais. Daí também sermos conhecidos por “pedreiros livres”, que é o que
significa a palavra maçon, em
francês, idioma corrente à época. Terminada esta fase, apareceu na nobreza
européia uma divisão que até hoje ainda existe. Não pense que está adormecido.
É justamente a guerra das Duas Rosas., que dividiu a Inglaterra da França.
Depois disso tivemos aquele movimento belíssimo chamado de Renascimento, onde
as ciências, as artes tiveram mais liberdade. Para chegar aí precisou de um
grupo de pessoas de influência para que esses movimentos pudessem alcançar o
êxito que todos nós conhecemos, e que inegavelmente mudou a história da
humanidade. Depois desse movimento
renascentista vieram os movimentos da Reforma, onde o homem pôde agir com mais
liberdade seus ideais religiosos e seus ideais científico-tecnológicos. A
partir da Reforma o mundo não foi mais o mesmo, também como conseqüência da
Revolução Francesa. Antes da Revolução Francesa temos, no início do século
XVII, os primeiros movimentos responsáveis pela independência dos Estados
Unidos. Pois bem, por conta da guerra das
Duas Rosas a filosofia inglesa, centralizada na nobreza, era uma filosofia mais
presa, enquanto que a sociedade americana foi se libertando e criando uma nova
maneira de pensar, influindo na França, resultando na sua grande revolução. A partir daí tivemos, também, uma
divisão na ordem maçônica, que já estava em plena efervescência. Nossa primeira
Constituição era conhecida como Constituição de Anderson, que foi promulgada
nos Estados Unidos, no ano de 1718, quase 70 anos antes da Revolução Francesa.
A sociedade colonialista da época estava tão ávida por liberdade que se apegou
a esse ideário, aliando-se ao pensamento da Maçonaria que surgiu nos Estados
Unidos. Esse país conseguiu incutir na cabeça de brasileiros esse ideário. A vinda de D. João VI para o
Brasil facilitou a propagação da maçonaria em nosso país, porque ele trouxe em
sua comitiva mações portugueses que tinham esse idealismo de verdade, igualdade
e fraternidade. Assim foi criada, no Rio de
Janeiro, a Loja Comércio e Artes, que foi oficialmente a primeira loja maçônica
brasileira. Oficialmente, é preciso repetir, a Maçonaria brasileira começou aí.
Daí muitos não reconhecerem o Areópago de Itambé como loja maçônica. E por que
não se reconhece? Quem é que iria imaginar, naquele tempo, uma loja maçônica
que ficava no interior de Pernambuco, no sítio Oratório, a 80 quilômetros do
Recife. Lógico, que nunca. Hoje nós temos esse ranço sobre nossa própria
história, quanto mais naquele tempo. Por outro lado, por mais paradoxal
que seja, vocês percebem pela exposição do nosso palestrante, que aqui e acolá
ele fala padre tal era maçom, padre qual era maçom. E vai aqui um registro:
todos os padres que tiveram influência na história do Brasil, no governo,
direta ou indiretamente, todos eles eram maçons. Não teve um que deixasse de
ser maçom. Aí surge a pergunta: e a questão
religiosa? É outra história, porque eles eram maçons, mas naquela condição que
existia anteriormente, que ninguém sabia que ela existia. Depois da Revolução de 1817, onde
Frei Caneca pregou a Confederação do Equador, e foi punido por isso, foi aí que
começou de forma mais latente a efervescência da Maçonaria na nossa região.
Surgiram então as lojas mencionadas pelo expositor Hélio Zenaide, as quais
tiveram vida efêmera pela perseguição decorrente da questão religiosa (1971, se
não me engano). Pode-se ver que na realidade ninguém sabia onde funcionavam
essas lojas; sabia-se a sua existência, não sua localização. Voltando à questão da separação da
maçonaria francesa da maçonaria inglesa. Com o advento da República a Maçonaria
pôde mostrar seu rosto, que era maçom, o que ela fazia, mas a intolerância
religiosa continuou. Não obstante, houve uma ruptura mundial entre aquelas
maçonarias. Daí, em 1927, alguns mações vinculados a essas lojas, como disse
Hélio Zenaide, Branca Dias, Regeneração Campinense, Padre Azevedo, não
satisfeitas com a orientação francesa (que eram monarquistas e não
republicanas) preferiram dar ênfase a esta segunda e apoiar a política do
Brasil, que era uma política de consolidação da República. É verdade que era
uma democracia meio capenga, onde a mulher ainda não votava, o voto não era
aberto e só quem votava eram certas classes sociais. Dentro desse ideário, três lojas
se reuniram na noite memorável de 24 de agosto de 1927 e resolveram fundar a
Grande Loja, vinculada a essa nova ordem, essa nova política, esse novo ideário
republicano. E essas lojas, a Branca Dias nº 1, a Regeneração Campinense, nº 2
e a Loja Padre Azevedo, nº 3. As demais continuaram no Grande Oriente, mas com
o passar dos anos foram se chegando, de forma que, hoje, 40 pertencem à Grande
Loja. Naquela data participaram da
reunião de fundação pela Loja Branca Dias Alfredo Augusto Ferreira da Silva,
Carlos Werts, Sidrônio Mororó, Helmenegildo Di Lascio, José Francisco de Moura
e Silva, José Teixeira Bastos, Maurício de Medeiros Furtado, Pedro Baptista
Guedes e Roberto Volgrand Kelly; pela Loja Regeneração Campinense, compareceram
Antiquilino Dantas, Antônio Farias Pimentel, Generino Maciel, José Jorinho
Itamar, João Soares, José Pinto, Martiniano Lins, Severino Alves e Severino
Cruz; pela Loja Padre Azevedo, compareceram Aristides de Azevedo Cunha, Gustavo
Fernandes de Lima, Siqueira Costa, João Cândido Duarte, João Pinheiro de
Carvalho, João Rodrigues Coriolano de Medeiros, José Calixto da Nóbrega, José
Pereira da Silva, Virgílio de Barros Correia. Na mesma noite foi eleita a
primeira diretoria. Aí aconteceu um fato inusitado. Quem presidiu a sessão foi
o maçom Augusto Simões, meu avô. Ele era o maçom mais graduado na Paraíba e era
o único maçom grau 33, naquela época. Acho necessário dar uma explicação mais
ritualística. Quando se é do Grande Oriente do Brasil nossa ritualística leva do grau 1 ao 33 e na ritualística das
Grandes Lojas há uma separação. As Grandes Lojas cuidam apenas do grau, 1, grau
2 e grau 3, que são os graus básicos da Maçonaria, e são os mais importantes. É
como se fosse um curso de graduação. Os graus superiores, que começam pelos
graus filosóficos, além de serem optativos dependem do irmão e do Supremo
Conselho existente no Rio de Janeiro, que é quem dá a aprovação. As Grandes
Lojas administram apenas os graus 1, 2 e 3. Quando foram fundadas essas
Grandes Lojas em 1927, elas não foram fundadas em todos os Estados; apenas
cinco Estados se predispuseram a fazer as suas Grandes Lojas. Foram Paraíba,
Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. E o mapa do Brasil foi
dividido de acordo com a fundação dessas Grandes Lojas. De modo, na realidade,
a Grande Loja da Paraíba é a Grande Loja mãe da loja do Ceará (que veio logo
depois, em 1928), de Pernambuco (1943) e Rio Grande do Norte (1974). Foi eleito como Grão Mestre o
irmão Augusto Simões. Mas como ele já exercia a representatividade do
filosofismo, ele não quis ficar com as duas coisas e imediatamente propôs que
fosse eleito como primeiro Grão Mestre o irmão Manoel Veloso Borges, o qual foi
eleito por aclamação e para Grão Mestre Adjunto, o irmão João Arlindo Correia. Com a renúncia de Augusto Simões,
foi-lhe dado o título Grão Mestre ad
vitam, motivo pelo qual toda vez que havia um interregno entre um Grão
Mestre e outro, ou um atraso de eleição, ele sempre aparecia como Grão Mestre. De 1927 para cá a Grande Loja teve
os seguintes Grãos Mestres: 1927 – Augusto Simões; 1928 – Manoel Veloso Borges;
de 28 a 1937 – João Arlindo Correia; de 37 a 1944 – Otávio Celso Novais; de 45
a 1948 – Abelardo de Oliveira Lobo; de 48 a 1954 – João Tavares de Mello
Cavalcanti; de 54 a 1961 – João Arlindo Correia, novamente; de 61 a 1963; Abel
Montenegro Rocha; de 63 a 1964 – Olegário Lins e Silva; em 64, José Lopes da
Silva, foi interino; de 64 a 1970 – Pedro Aragão; de 70 a 79 – Francisco Edward
Aguiar; de 79 a 81 – Francisco Mariano; de 81 a 1988 – Arlindo Bonifácio; de 88
a 1994 – Romildo Lins de Toledo; de 95
a 97 – Edilaudo Nunes de Carvalho; 1998 – Romildo Lins de Toledo, que faleceu
após quatro meses de grão-mestrado; de 1998 até 31.12.2000, sou eu que estou
exercendo o grão-mestrado. Hoje não somos mais uma sociedade
secreta, e não podemos ser porque respeitamos as leis do país e a elas estamos
sujeitos. A sociedade hoje tem uma visão clara do que a Maçonaria faz, não nos
seus templos, pois ainda é uma tradição. Há uma pergunta que existe sempre
entre os que não são mações. A pergunta é a seguinte: por que não tem mulher na
maçonaria? Não tem por culpa nossa, porque sabemos que o mundo já mudou, e a
mulher hoje desfruta um espaço que ocupa brilhantemente. A Maçonaria como um
órgão universal tem um relacionamento exterior semelhante ao nosso
relacionamento diplomático. Se colocarmos a mulher na Maçonaria, sem uma
aprovação mundial, estaremos sujeitos a perder o nosso reconhecimento. Para
sermos criados temos cartas constitutivas, que são dadas por entidades
superiores. A nossa confederação tem sua carta constitutiva dada pela
Confederação Interamericana, que por sua vez tem sua carta constitutiva dada
pela Grande Loja da França, uma das mais tradicionais que existem. Se esses
dogmas não forem modificados, nós não podemos modificá-los e ficarmos isolados
e considerados uma potência espúria. Gostarei de dar um depoimento
pessoal sobre essa matéria, porque eu defendo a participação da mulher na
Maçonaria. Os ensinamentos maçônicos que
tenho hoje devo à minha mãe Luzia Simões Bertoline, como devo também a parte
dos ensinamentos musicais. E minha mãe foi a herdeira do pensamento de Augusto
Simões, seu pai. Tinha quatro filhos mações e depois da morte de Augusto os
filhos homens se separaram da Maçonaria; minha mãe, nunca. Ela continuou me
passando todos os ensinamentos que ela conhecia. Conhecia pela vivência, não
pelos livros, que eram altamente fechados, hoje são mais abertos. Inclusive ela
foi perseguida pela Igreja pelo fato de ter sido filha do Grão Mestre. Porque a
Loja Branca Dias teve a audácia de quando construiu aquele templo da avenida
General Osório, o fez de maneira aberta e não mais escondida. Foi a primeira
loja que trabalhou de porta aberta ao público. O público vendo quem entrava e
quem saía, quem era e quem não era maçom. Foi esse o grande desafio que Augusto
Simões e esses irmãos que mencionei tiveram. Imagine naquela época uma loja
maçônica funcionando ma mesma rua da Catedral Metropolitana e do Convento de
São Bento, de maneira aberta. Meu avô morreu em 1944 e no final do ano minha
mãe foi casar-se e teve seu casamento negado pelo Bispo D. Adauto. Vejam só o
paradoxo. Ela foi proibida de casar na igreja, mas era professora do Colégio
Nossa Senhora das Neves e auxiliar do professor Gazzi de Sá no Seminário
Diocesano da Paraíba. Não podia casar-se na igreja, mas podia ensinar dentro de
colégios católicos. Ela só se casou na igreja em 1953, quando o Bispo era D.
Moisés Coelho, que recebeu uma comitiva das freiras do Colégio Nossa Senhora
das Neves que lhe foi fazer um apelo. E eu com cinco anos assisti ao casamento
de minha mãe. Com esse retrospecto penso ter
complementado a brilhante exposição do irmão Hélio Zenaide. · · · A fala do Presidente: O Grão Mestre Edgard Bartoline
Filho, nosso debatedor designado, complementou com brilhantismo a palestra do
nosso consócio Hélio Zenaide. Seu pronunciamento dá uma visão global da
história da Maçonaria no mundo e no Brasil, detalhando aspectos pouco
conhecidos de nós não mações. Sua origem, sua implantação no
Brasil, sua filosofia e forma de funcionamento ficaram à mostra para nosso
conhecimento. As transformações, suas mudanças foram aqui dissecadas. Detalhes da Maçonaria paraibana, com
os vultos que a sustentaram e sustentam, foram registrados. Sem sua
participação neste Ciclo de Debates esse tema ficaria menos enriquecido, não
obstante a excelência da palestra do consócio Hélio Zenaide. Agora passaremos ao debate com a
participação do plenário, e eu passo a palavra ao primeiro debatedor inscrito,
que o confrade Guilherme d’Avila Lins. · · · 1º participante: Guilherme d’Avila
Lins: Tenho que elogiar a beleza de
trabalhos apresentados pelo expositor e debatedor desse tema, mas farei a
seguinte indagação: Qual a é verdadeira relação que existe, de afinidade ou de
distanciamento, de diferenças ou de aproximação entre a Maçonaria e a antiga e
mística Ordem Rosa Cruz? Ouço dizer que existe uma relação
apenas de certo nível, na parte esotérica, mas tudo isso é de ouvi dizer. Outra pergunta quem faz é o meu eu
pesquisador de história. Todos nós sabemos a importância, a influência que, ao
longo do tempo, teve a Maçonaria no processo social, político e histórico do
mundo inteiro, e deste país. Imagino, como pesquisador, que todo essa cadinho
de discussão como lidar com o processo social de cada momento histórico,
imagino que atas, registros, documentos devem ter sido feitos. Nesse sentido,
imagino que o arquivo histórico da Maçonaria é um arquivo fabuloso. Em 1932 o papa negro – o padre
geral da Companhia de Jesus – abriu para os seus os arquivos secretos da
Companhia de Jesus. O Vaticano está abrindo também seus documentos,
gradativamente. O Mosteiro de São Bento de Olinda também está abrindo. O SNI
abriu. Então, pergunto: seria possível, do ponto de vista histórico, abrir este
acervo que imagino deva existir na Maçonaria, e que é de fundamental
importância para qualquer historiador? Hélio Nóbrega
Zenaide,
respondendo: Quanto aos arquivos, não sei dizer
que orientação a Maçonaria poderá tomar. Mas, nos últimos meses do ano passado
tive a oportunidade de compulsar todas as atas da minha Loja, que tem mais de
cem anos. Li da primeira à última ata. Minha dificuldade foi identificar as
palavras por causa da caligrafia da época. Mas na Loja Regeneração do Norte
temos todas as atas com todos os pronunciamentos. Temos o discurso do nosso
fundador Coriolano de Medeiros na Maçonaria. Não sei se esses livros vão ter
acesso à pesquisa de modo geral. Temos o Livro de Ouro da fundação da Loja, com
a assinatura de todos os membros presentes à fundação da Loja, há mais de cem
anos. Acho que o Grão Mestre Edgard Bartoline poderá acrescentar alguma coisa. Edgard Bartoline, complementando: Está aqui a ata da fundação da
Grande Loja, de 1927. Está aberta a quem quiser compulsá-la. Com relação aos
demais, infelizmente não posso adiantar nada porque esse grande acervo
histórico está de posse do Grande Oriente do Brasil, que na realidade foi a
primeira instituição maçônica como potência que abrigou os nossos mações do
nosso país. Todos esses irmãos que foram citados por Hélio Zenaide e outros que
não foram citados, como Tamandaré, padre Feijó, José Bonifácio de Andrade e
Silva, Gonçalves Ledo, José Patrocínio, etc., todos eles pertenceram ao Grande
Oriente do Brasil, nessa época histórica. Não respondo pelo Grande Oriente do
Brasil, que tem seu Grão Mestre próprio, para dizer se essa documentação está
aberta aos historiadores não mações. Para os mações tenho certeza que está. E
se não estiver, tem que estar porque fatos de 50, de 100 anos, têm que ser
levados em consideração. Temos de convir que os direitos autorais terminam com
50 anos. Com relação à vinculação da Ordem
Rosa Cruz com a Ordem Maçônica, posso dizer que são duas coisas totalmente
diferentes. A Ordem Rosa Cruz é uma ordem própria, à qual não pertenço, mas o
que li sobre ela é que ela tem base na estrutura do Egito antigo; é uma ordem
totalmente mística; é mista; é muito bem dirigida. Recentemente sua Grã Mestra
era uma mulher, o que constitui um exemplo para a Maçonaria. Não existe essa
história de que mulher não sabe guardar segredo, pois a mulher sabe guardar
mais segredo do que o homem. Existe o grau 18, do rito escocês antigo, que se
chama grau dos Cavaleiros Rosacruzes. Mas Rosacruzes, por que? Não porque tem
vinculação com a Ordem Rosa Cruz, Rosacruzes porque tem vinculação com as
Cruzadas e este grau tem como seu patrono nosso Mestre maior, que foi Jesus
Cristo. Daí também nossa crítica aos evangélicos e católicos que não conhecem
que temos graus dedicados a Jesus Cristo. Jesus Cristo se referiu à Maçonaria
em duas ocasiões especiais. O grau 18 é dedicado a Jesus Cristo; também a ele é
dedicado, como filósofo, um grau superior, que é o grau 32, onde o colocamos
juntamente com seu pensamento filosófico Sidarta Gautama, com Hermes
Termogisto, com Zeus, que foi o deus central dos gregos, com Brama e outros pensadores. São esses
grandes filósofos e pensadores da humanidade que fazem com que a gente reverencie
porque colocaram, muito antes da Maçonaria, o pensamento que nós temos hoje,
que é o pensamento voltado para a Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 2º participante: Manoel Silveira: Em primeiro lugar, meus
cumprimentos para a mesa que dirige os trabalhos, ao expositor, ao debatedor,
ao presidente da mesa. Como leigo, totalmente leigo no que diz respeito à
Maçonaria, o que me chamou a atenção no momento foram as palavras do Dr. Joacil
Pereira, quando ele se referia a uma documentação enorme para o ingresso na
Maçonaria. Então, a minha pergunta é sobre os critérios para o ingresso dos
leigos na Maçonaria. Edgard Bartoline: Os princípios básicos: Ser um
homem de bem e crer num ser superior. Mas, somos humanos, somos falhos, e por
mais pesquisas que façamos estamos sujeitos a passar por algumas decepções. São
coisas com que a gente se ressente. Tenho tido gratas experiências, mas também
tive experiências muito tristes. Pois não temos condições de fazer um
levantamento sobre a vida pregressa de uma pessoa em todas as circunstâncias.
Muitas vezes se vê que é um bom pai de família, bom filho, cumpridor dos seus
deveres e ingressa na Ordem, mas depois tomamos conhecimento que ele tem um
caso com uma segunda família que ninguém sabia. Isso pode acontecer. · · · A fala do Presidente: Sentimo-nos satisfeitos com os
debates sobre nosso tema de hoje. Tivemos uma exposição excelente feita pelo
nosso companheiro Hélio Zenaide, que foi complementado pela valiosa
contribuição do debatedor Edgard Bertoline Filho. E para abrilhantar o debate houve
alguns impertinentes, que cobraram dos expositores esclarecimentos seguros. Joacil Pereira indagou logo porque
não há mulher na Maçonaria. Apenas perguntou, não reclamou. Na realidade, como explicou o Grão
Mestre Bartoline, essas instituições têm um esquema hierárquico, superior. Se a
cúpula não concorda com as mudanças, as Lojas que são dependentes não podem
inovar. Eu tenho essa experiência no Rotary International, do qual sou
participante desde 1948. O Rotary International foi fundado em 1905 admitindo
somente homens. O Rotary abriga líderes das mais diversas atividades, mas a
mulher não entrava. Aparte dum
participante: No Lions só depois de 1887. O Presidente, continuando sua fala: Foi a mesma situação do Rotary
International, que são instituições similares. Foram precisos mais de 80 anos
para se admitir o ingresso da mulher. E hoje nós já temos governadoras de
Distrito, Diretoras e algumas exercendo importantes funções nas Comissões
Internacionais. As mudanças, nas instituições desse tipo, são muito vagarosas. É, portanto, uma questão de tempo.
A Ordem Maçônica é rígida, mas cedo ou tarde essa mudança se efetuará. Nosso expositor, companheiro Hélio
Zenaide, distribuirá com os presentes uma cópia sintética de sua exposição.15º
Tema
A
Maçonaria na Paraíba
Expositor: Hélio Nóbrega Zenaide (Sócio do Instituto Histórico,
pesquisador, jornalista):
INTRODUÇÃO
O Que é o IHGP?
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