INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PARAIBANO/IHGP
Fundado em 7 de setembro de 1905
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      Vejamos o que Koster disse, para encerrar: Henry Koster (isso é um artigo meu, publicado em 1991, no CORREIO DA PARAÍBA), o viajante inglês que visitou a nossa capital em 1810, escreveu: "a principal rua é pavimentada com grandes pedras (rua General Osório, hoje), mas deviam ser reparadas. As residências têm geralmente um andar, servindo o térreo para loja. Algumas delas possuem janelas com vidros, melhoramento há pouco introduzido no Recife. O convento dos jesuítas é utilizado como o Palácio do Governador e o Ouvidor tem aí sua repartição e residência. A igreja do convento fica no centro e tem duas alas. Os conventos das ordens franciscanas, carmelitas e beneditinas são os únicos edifícios, quase desabitados. (Como se vê, naquele tempo já tinha pouco frade, hoje não tem mais nenhum). O primeiro tem quatro ou cinco frades, o segundo, dois e o terceiro, apenas um. Além destes, a cidade possui seis igrejas; as fontes públicas na Paraíba foram as únicas obras deste gênero que encontrei em toda a extensão da costa por mim visitada (é porque ele não foi ao Maranhão). Uma foi construída, creio, por Amaro Joaquim, governador recente; tem várias bicas e é muito bonita. A outra que se está fazendo é bem maior. A fiscalização das obras públicas era a melhor ocupação do governador Amaro Joaquim. Fomos visitar esse cavalheiro no dia seguinte à nossa chegada. Meu companheiro o conhecia desde Lisboa, quando ele era aspirante. Seus pais são de família respeitável em uma província ao Norte de Portugal. Com o quisessem fazer padre, puseram-no no Seminário, de onde fugiu e se alistou simples soldado em Lisboa. Um dos oficiais do regimento a que pertencia notou sua educação e conhecendo sua história fê-lo cadete, para agradar a família. (Esse Amaro Joaquim deu o golpe do baú. Casou-se com uma moça da nobreza, uma portuguesa que estava no Rio de Janeiro, por isso foi nomeado governador da Paraíba). Fomos depois a outra ala do prédio a fim de pagar a visita do ouvidor, um velho muito amável e bem humorado; seu capelão, um pequeno e jovial frade, era amigo do senhor Joaquim (companheiro de Koster nessa viagem) e nos fez muitos obséquios durante minha estada. A paisagem vista dos fundos do palácio é uma linda visão peculiar ao Brasil. Vastos e verdes bosques, bordados por uma filha de colinas, irrigadas pelos vários canais que derivam do rio, com suas casinhas brancas semeadas nas margens, outras nas eminências meio ocultas pelas árvores soberbas. O vetusto convento dos frades jesuítas já era, desde a segunda metade do século XVIII, a sede do governo da Paraíba. A igreja do dito convento foi derrubada no início de 1930, quando se ampliou o palácio, chamou-se São Gonçalo e depois Nossa Senhora da Conceição." Henry Koster viu com simpatia a capital e bem o demonstra no seu famoso livro VIAGENS AO NORDESTE DO BRASIL, traduzido por Câmara Cascudo.

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A fala do presidente Luiz Hugo Guimarães:

      O Instituto se congratula com a atuação do confrade Wellington Aguiar, nosso ex-Vice-presidente, e historiador renomado e com vários livros publicados sobre nossa história.

      Sua participação valorosa trouxe à baila interessantes passagens da vida paraibana no período colonial, mostrando alguns equívocos históricos que se perpetuam na nossa historiografia por falta dum exame mais acurado sobre os fatos acontecidos.

      Faço um destaque especial por sua contribuição apreciando o ponto de vista de importantes visitantes estrangeiros à nossa província, um dos quais - Henry Koster - mereceu destaque.

      Daremos continuidade à sessão, concedendo a palavra aos participantes do Ciclo.

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1º participante:

Rosa Maria Godoy Silveira (chefe do Departamento de História da UFPB):

      Desejo fazer três observações. Na primeira, quero cumprimentar o Instituto Histórico, em nome do Departamento de História da UFPB, por essa atividade, que é co-irmã da que nós estamos realizando na Universidade, um Seminário extensivo, como este, até dezembro, o que demonstra espaço para debate e reflexão crítica sobre a História; que realizemos isso lá e cá, eu acho que mostra muito que a sociedade paraibana, em particular a sociedade pessoense, é ávida da sua história, inclusive é um trabalho, que lá como cá, é feito de parceria, com a presença de várias instituições presentes nesta Mesa. Mais uma vez os nossos cumprimentos.

      E aproveitando essa presença interinstitucional na Mesa, o que eu tenho a falar são duas reivindicações. Aliás, antes das reivindicações, um registro. Quando a professora Regina Célia mencionou o PROJETO RESGATE, gostaria de dizer que esse projeto está sendo feito pela Universidade e teve o financiamento do Ministério da Cultura e do Governo do Estado da Paraíba, com trabalho encetado quando da gestão do professor Sales Gaudêncio ainda na presidência da FUNESC.

      E a primeira reivindicação vai para o Magnífico Reitor Jáder Nunes de Oliveira, da UFPB, aqui presente. É exatamente sobre a volta dessa documentação que está sendo microfilmada neste momento em Portugal; uma parte já está aqui, e já está sendo catalogada. A reivindicação é a publicação do catálogo. No ano que vem nós vamos precisar que a Universidade acolha isso e publique esse catálogo, que vai ser da mais alta importância sobre esses quinze mil documentos. A par disso, nós temos pronto, e eu gostaria de colocar tanto para a Universidade quanto para o IPHAEP e para a Subsecretaria de Cultura, um segundo catálogo elaborado pela professora Irene Fernandes, decorrente do processo da questão da formação da terra na Paraíba. É um catálogo de 500 páginas. Naturalmente, os dois trabalhos não são de feitio comercial. Eles vão ser mais um trabalho de importância histórica, historiográfica e de importância institucional. Até a própria tiragem deles não é uma coisa extremamente ampla, mas cuja distribuição deve ser, com certeza, primordialmente para as instituições culturais.

      A terceira observação, aproveitando também a presença das instituições, é para nós desenvolvermos um esforço no sentido da organização do Arquivo Público. Eu acho que têm dois arquivos que precisam de um esforço conjunto. Lamentavelmente, em tempos anteriores, a Universidade tentou fazer esse trabalho. Há três projetos de organização do Arquivo Público, mas encontramos barreiras em governos anteriores. E eu gostaria de reiterar o esforço conjunto no sentido da gente poder fazer isso e também organizar na Paraíba um sistema estadual de arquivos, porque é um dos poucos Estados em que esse sistema não está organizado. Há também um arquivo que nós vamos começar a examinar em conjunto com o Departamento de Enfermagem da Universidade: é o Arquivo da Santa Casa de Misericórdia. Nós temos nesse momento a felicidade de ter uma pessoa lá que fez o curso de especialização em Arquivo. Isso já é um ponto positivo em nosso favor. Já existe um convênio nesse sentido e, neste momento aqui, eu acho que a comemoração é isso; é a reflexão de que a gente também tem que olhar o futuro, quer dizer, o que nós podemos fazer no presente para o futuro, para a gente não perder nosso passado, não nos desmemoriarmos.

2º participante

Paula Frassinete (Bióloga, representante da Associação dos Amigos da Natureza):

      Estou mais ou menos encantada com o que vocês e o Departamento de História estão fazendo conosco. Estou encantada pela História; estou fazendo o curso que a Universidade está promovendo e quando soube desse Ciclo de Debates, que em boa hora o Instituto Histórico começa a nos oferecer, imediatamente me dispus a vir. É muito importante a gente ver dentro do Instituto o questionamento da autofagia. Quando se fala que de toda a produção acadêmica apenas 10 porcento já foram publicados e está à nossa disposição, então nós nos sentimos órfãos. Com uma universidade que há tanto tempo está aí, notadamente a nossa Universidade Federal da Paraíba, importante para o Brasil, com estudos muito interessantes que vêm sendo feitos em todas as áreas e não tem havido o devido interesse do Ministério da Educação. A educação no nosso país está cada vez mais sucatada exatamente para não se gestar uma sociedade crítica, porque é disto que nós estamos precisando neste país, para transformá-lo. E eu acho que o papel dos historiadores é fundamental, quando a gente vê que parece que os detratores do país, os destruidores do país, do Império, da Colônia, parecem que se reencarnaram em alguns dos que estão à frente do país hoje. E as práticas deste momento são as mesmas, inclusive num dos cursos de História se dizia que na época do Império o cidadão bom, para aquela época, era o que tinha dinheiro. E hoje não é isto? Então a gente parece que está revendo as práticas do império. E a história nos traz esta reflexão. Eu parabenizo o Instituto Histórico e gostaria que a professora Regina informasse se há uma luz no fim do túnel, o que a ANPUH, os historiadores, a universidade estão fazendo no sentido de garantir recursos para que esta história venha para nós, para que o cidadão brasileiro possa rever sua história e assim construir um novo país.

3º participante

Guilherme d'Avila Lins (Sócio do IHGP e presidente do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica):

      É com muita alegria que vejo o início deste Ciclo de Debates, que corre paralelo com o Curso de Extensão análogo que se processa também na Universidade Federal da Paraíba, com o mesmo objetivo. Realmente estou me sentindo em estado de graça por estarmos começando este Ciclo de Debates. Quero, em primeiro lugar, parabenizar a professora Regina pela forma brilhante como enfocou um conceito, do qual eu também comungo, de comemoração. Não se trata da comemoração do festejo, do ribombar, mas da a comemoração da pesquisa e do resgate. Esta é a verdadeira comemoração que nós devemos a estes 500 anos do Brasil. Quero parabenizar também professor Wellington Aguiar pelo felicíssimo vol d'oiseaux em que vai de Tracunhaém até 1817, que só fez enriquecer este primeiro encontro nosso.

      Minha vinda a este microfone se prende a alguns fatos que dizem respeito àquele resgate histórico de documentos que a Universidade em tão boa hora tem procurado fazer, e está fazendo, e que começou com a professora Elza Régis e que, sem dúvida, vai permitir, quiçá, uma releitura da nossa história colonial. Entre outras coisas a gente diz, por exemplo, para pontuar um detalhe histórico, só um detalhe. A gente fala do desmembramento da Capitania de Itamaracá, criando-se a Capitania da Paraíba. Tanto quanto eu saiba, esse documento ainda não foi encontrado. Este é o nosso primeiro documento. Não foi encontrado. E a gente fala com uma intimidade deste documento, como se o tivéssemos visto. Ele não foi ainda encontrado.

      Com relação à história administrativa, eu sei quantas horas de sono perdi tentando recuperar um pouquinho da história administrativa, dos primeiros anos da Capitania da Paraíba, pinçando aqui e acolá retalhos de fatos e datas, nomes e situações e até certo ponto agradeço à ordem beneditina ser tão rica, porque graças a essa riqueza que ela acumulou tantos dados no LIVRO DO TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO, o que me foi de grande ajuda para pinçar tantas informações sobre a Paraíba. Este livro foi publicado de forma esparsa na Revista do Arquivo Público de Pernambuco, em quatro tomos distintos, entre 1946 e 1949, do qual existe uma tiragem em separata, em volume único. Este livro trouxe algumas das maiores lições que aprendi em fontes primárias da Paraíba. Agradeço, portanto, aos beneditinos terem sido uma ordem rica.

      Também gostaria de trazer para aqui um outro fato que diz respeito ao nosso período colonial e que é da mais alta importância. Já o Barão do Rio Branco falava da importância da grande batalha naval de 1640, no período holandês, como sendo a mais importante batalha que houve em águas brasileiras. E ela se deu no segundo e terceiro dia na frente do Cabo Branco e na frente do Cabedelo. E fico pensando por que nós não vamos comemorar nossos 500 anos articulando um sonho grande, mas um sonho de verdade de fazer um grande projeto com empresas competentes, para realizar uma pesquisa arqueológica submarina para resgatarmos tudo o que deve existir desta batalha aqui na frente de Tambaú, a uma milha de distância do nosso litoral, segundo Barleus e segundo Franz Post. Eu acho que esse é um projeto de grande alcance, dificílimo, mas que a dificuldade seja um desafio, não um desencanto.

      Gostaria de frisar, por último, um outro detalhe. Nós estamos de frente para a margem esquerda do rio Paraíba, onde temos inúmeros itens do nosso acervo histórico-arquelógico do período colonial da Paraíba. O lugar do Forte Velho, a Igreja da Guia, agora recuperada. Mas existem outros locais importantíssimos como a Ilha da Restinga e o Forte do Gargaú, que jamais é citado na historiografia paraibana. Ele foi feito pelos holandeses depois de 1634, e jamais foi citado por historiadores da Paraíba. Ele só tem sido registrado no ato da rendição em que foi entregue aos luso-brasileiros. Como o holandês não fazia forte de madeira, certamente, ruínas dele devem existir dentro dos canaviais perdidos.

      A Atalaia de Forte Velho, que é talvez a última que resta neste país, também precisa ser examinada. Enfim, eu estou projetando a idéia de um sítio histórico-arqueológico da Paraíba ao longo da foz do rio Paraíba. Acho que estes são desafios que também temos de examinar.

4º participante

Célia Camará Ribeiro (do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói):

      Quero dizer, para quem não me conhece, que nasci em João Pessoa, filha de paraibanos, morando no Rio de Janeiro, mas de passagem neste momento por João Pessoa. Quero parabenizar a ilustre conferencista; ela foi muito didática, mas sem diminui-la, quero parabenizar também o debatedor, porque ele foi assim um historiador profícuo. Quero cumprimentar o presidente do Instituto Histórico por esse Ciclo de Debates.

5º participante

Francisco Sales Gaudêncio (representante do Governador do Estado e presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado):

      Inicialmente desejo cumprimentar Regina Célia Gonçalves e Wellington Aguiar e aproveitando as reivindicações da chefe do Departamento de História da UFPB, colega Rosa Godoy, e dizer que o passo inicial foi dado com o PROJETO RESGATE. A Paraíba se inclui, com mais dez Estados da Federação no projeto em nível nacional, na gestão do ano passado à frente do Arquivo Histórico do professor Wellington Aguiar, o debatedor desta tarde, e quando da minha estada à frente da Fundação Espaço Cultural. Esse apoio foi dividido entre a Universidade, Ministério da Cultura e o Governo do Estado; a Universidade pondo o seu material humano para trabalhar fora do país, por onde ficou lá por quase nove meses e os recursos do Governo do Estado e do Ministério da Cultura. Esse foi o primeiro passo.

      Com relação às outras reivindicações da professora Rosa Godoy, o professor Carlos Pereira, Secretário da Educação e Cultura, que me pediu para vir aqui em nome dele, presente também Francisco Pereira, nosso subsecretário de Cultura, informo que com Carlos Pereira tivemos uma reunião sobre a retomada da comissão de celebração de uma revisão crítica da História do Brasil nos seus 500 anos. E, entre outros assuntos da pauta desta comissão está exatamente o envolvimento de órgãos como o Instituto Histórico, a Universidade Federal a Paraíba para que, através dessas instituições, possamos ter uma comissão que venha apresentar à comissão constituída junto ao Conselho Estadual de Cultura para um programa efetivo de publicações e que venha marcar a celebração dos 500 anos do Brasil. Através do Instituto, da Universidade, do IPHAEP, da própria Secretaria de Estado e de outros órgãos da Paraíba, como a Universidade Estadual da Paraíba, voltamos essas ações para a interiorização, não só do trabalho que se está fazendo através do Conselho do Patrimônio, mas também através dessa comissão estará sendo publicado em Decreto brevemente. Por isso quero antecipar o envolvimento do Conselho Estadual de Cultura e do próprio Governo do Estado, através da Secretaria e da Subsecretaria de Cultura, de uma programação consistente, no que diz respeito a essas celebrações, que vêm exatamente atender às reivindicações do historiador Guilherme d'Avila Lins, que ouvi atentamente, e como representante dessa comissão no IPHAEP, certamente os assuntos ligados à política de preservação de patrimônio caberão ao IPHAEP. É com satisfação que, em nome do Secretário Carlos Pereira, dou em primeira mão essas notícias que estão sendo esboçadas pela Subsecretaria de Cultura e pela Secretaria de Educação.

      E, por último, eu ouvi aqui as cobranças - no bom sentido - da nossa colega Regina quanto aos temas ligados à Colônia, ao Império, enfim, à história inicial do Brasil, a partir da Paraíba. Eu digo ao professor Wellington Aguiar que fui relator do seu trabalho no Conselho Estadual de Cultura, que possibilitou a recomendação daquele colegiado para sua publicação. Wellington Aguiar, dentro de mais algum tempo, estará lançando o livro também quilométrico, de 540 páginas, que trata de assuntos da velha Paraíba através dos jornais, cujo título é A VELHA PARAÍBA NAS PÁGINAS DE JORNAIS. É um levantamento, é uma pesquisa rigorosa, metodologicamente cuidada, no que diz respeito a determinados temas lembrados aqui pela colega Regina Gonçalves. Portanto, este envolvimento institucional IPHAEP, Universidade, Instituto Histórico, Departamento de História, Academia Paraibana de Letras, certamente resultará que a Paraíba não fique à margem das celebrações dos 500 anos do Brasil.

Considerações finais pela professora Regina Célia Gonçalves:

      Em atenção aos pontos de vista e pedidos de informação apresentados pelos participantes Paula Frassinete, Guilherme d'Avila Lins e Rosa Godoy, esclareço o seguinte:

      Segundo me parece, nós temos que pensar grande. Rosa Godoy sempre diz isso para o Departamento de História, do qual é Chefe. Temos que planejar a médio e longo prazo. Temos que pensar grandes projetos, grandes projetos não só no seu conteúdo, no seu objetivo. Um tema é Arqueologia. Esse tema é muito bem lembrado pelo professor Guilherme sobre a arqueologia submarina; o que isso nos vai revelar sobre a importância desse território, do ponto de vista estratégico no século XVI, no século XVII. É fundamental, e isso não foi realizado. É preciso pensar grande nesse sentido, e pensar grande no sentido da operacionalização e aí eu acho que o caminho, sem dúvida alguma, é a interdisciplinaridade e a interinstitucionalização. É pensar mega-projetos reunindo diferentes organismos que trabalham com a pesquisa histórica, arqueológica e ambiental na Paraíba e, se possível, de outros lugares, de outros Estados também. Se nós conseguirmos nos reunir para pensar projetos de longo prazo, de largo fôlego, teremos mais e melhores condições de superar as dificuldades que hoje são colocadas no dia-a-dia, dificuldades como, conforme estava conversando com o professor Luiz Hugo Guimarães, a de dar apoio logístico, pois apoio financeiro a gente não pode, porque a gente também não tem. Às vezes falta papel, falta cartucho para a impressora, às vezes falta dinheiro para fazer uma viagem ao Conde, são coisas do dia-a-dia que os pesquisadores têm que lutar com uma grande dificuldade para dar conta dos seus trabalhos. Em tempos de globalização, ou a gente pensa institucionalmente ou a gente não vai a lugar nenhum. O trabalho individual sentado num tema específico e com recorte microscópico vai ter cada vez menos chance nesse mercado. Então eu penso que essa é a única forma com que a gente tem para superar as dificuldades, mais do que isso, de avançar com as nossas pesquisas para o conhecimento desta terra, pois muitas questões ainda estão por serem colocadas. Há muitas questões importantes a serem respondidas.

      Com relação às publicações de 10 por cento dos trabalhos efetuados, o que hoje nós podemos fazer é juntar um pedaço do salário para no fim do ano tentar a publicação, a autopublicação. Esse tem sido o caminho em geral encontrado por nós que produzimos pesquisa histórica aqui no Nordeste. Infelizmente, nós estamos também longe dos grandes centros e o mercado editorial é cada vez mais complicado.

      Senhor Presidente:

      Agradeço a esse seleto auditório pela atenção dada à minha palestra. Muito obrigada.

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